Editorial JP, 5 de janeiro
Partir de premissas
verdadeiras para chegar a conclusões falsas, usando dados publicados no site da
própria Secretaria de Segurança, aglutinando critérios e manipulando dados. Eis
o sofisma que, por razões políticas as mais torpes, foi usado por cavaleiros
que imputam falsas estatísticas de violência à Sociedade Maranhense de Direitos
Humanos, no propósito de buzinar sensação de insegurança na sociedade. Talvez,
em busca de um irrealizável sonho eleitoral.
Os critérios de
mensuração adotados pela Secretaria de Segurança Pública não foram inventados
aqui; têm origem na Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) e foram
convencionados na própria Organização das Nações Unidas (ONU). Não se trata,
como nas bárbaras compilações do senhor Wagner Cabral, de matéria de inclinação
política.
A má intenção é
gritante. Juntaram tudo: afogamento, morte por descarga elétrica, acidente de
trânsito, homicídios, naturalmente, e até ataque cardíaco, para concluir e
divulgar que houve mais mortes violentas em 2015 (homicídios) que em 2014, que
está havendo mais violência no governo Flávio Dino que houve no governo Roseana
Sarney. E isso é querer zombar demais da capacidade de discernimento da
população.
Política rasteira,
inconformismo. Mas mentira tem perna curta. Esse povo inteiro viu São Luís ser
eleita entre as cidades mais violentas do mundo nos últimos anos de governo da
patronesse; viu o sangue dar no meio do pescoço na Penitenciária de Pedrinhas e
entidades de defesa dos Direitos Humanos de todo o mundo desembarcarem, aqui,
assustadas e indignadas, como se fosse o Maranhão, em 2013 e 2014, uma zona de
guerra.
Foi nestes anos que o
crime organizado praticamente assumiu o controle do sistema penitenciário;
nestes anos que as facções criminosas tiveram o topete de incendiar, arrastar e
provocar pânico na capital, São Luís; nestes anos que a polícia inteira do
Maranhão se sitiou na Assembleia Legislativa em defesa de uma reestruturação do
sistema de segurança. O que se pergunta é a que propósitos servem essa
manipulação.
Ontem, em rápida conversa
com repórteres, o delegado-geral Lawrence Melo Pereira exibiu dados
comparativos: foram 910 homicídios em 2014 e 801 em 2015, uma redução percentual
de 12% ou 109 mortes violentas a menos. Sob o critério “Crimes Violentos Letais
Intencionais”, (que reúne homicídios, mais lesão corporal seguida de morte,
mais latrocínio), bem distante das contas subjugadas de Wagner Cabral, os dados
da Secretaria de Segurança são: 987 homicídios em 2014 e 910 em 2015, ou seja,
8 % a menos, 77 mortes violentas evitadas.
O que a frieza dos
números não mostra é a guinada de 180 graus à direita, de quem passou a vida se
dizendo de esquerda e parece sentir muitas saudades do sarneisismo que, graças
a Deus, passou.
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