JM Cunha Santos
O instituto do foro privilegiado vai
desabar nesse país e não demora muito. Porque se trata de uma excrescência
jurídica destinada unicamente a proteger a corrupção. E nesse aspecto chegamos
ao limite de nossas forças. É um cancro generalizado, um câncer seminal
provocando falência múltipla dos órgãos públicos e a desgraça do povo
brasileiro.
É preciso dizer: todo corrupto quer ser
julgado pelo Supremo Tribunal Federal porque ali quase corrupto nenhum jamais é
condenado e os poucos condenados quase sempre respondem em casa pelos crimes,
ou seja, tiram férias, não muito longas, da corrupção.
O blog do jornalista John Cutrim
publicou o pedido de Sarney para que as investigações decorrentes da delação
premiada de Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, sejam julgadas pelo
STF ou pela Justiça Federal, em Brasília. Sarney foi acusado por Machado de
receber R$ 18,5 milhões em propina, dos quais R$ 16 milhões em dinheiro vivo e,
por determinação do ministro relator da Lava Jato, Edson Fachin, é investigado
também por obstrução da Justiça. Sem mandato, não tem foro privilegiado e fica
sob a jurisdição do juiz Sérgio Moro, o terror dos corruptos no Brasil. As
investigações da Lava Jato atingem tantos figurões que o escritor Mário Vargas
Llosa considera um milagre que Sérgio Moro ainda esteja vivo.
Sarney está vendo muitos colegas seus
indo parar na prisão e isso o apavora. Além disso, os movimentos de defesa à
margem da Justiça nunca dão certo: Romero Jucá teve que desistir de seu projeto
de blindar os presidentes da Câmara e do Senado nesse processo; Lobão está em
queda livre na CCJ depois das denúncias que o envolvem e a seu filho, Márcio
Lobão; o destino do projeto de lei de abuso de autoridade, que pretende punir
juízes que decidam contra a corrupção, é um cofo de caranguejos e mais nenhum
outro lugar.
O mundo desaba em torno do ex-presidente
e o único caminho que lhe resta é implorar a clemência de uma Justiça a cada
dia mais implacável com a corrupção.
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