Por Robson Paz
As imagens do cotidiano e das mansões dos delatores
da Lava Jato divulgadas em rede nacional, no último domingo, 16, são um
escárnio. Choca ver corruptores e doleiros responsáveis pelo desvio de bilhões
de reais curtindo vida de príncipes em áreas nobres dos grandes centros do
país. Privilégios que a maioria da população brasileira jamais usufruirá em
toda a existência.
‘Condenados’ pela Justiça, entre 15 e 20 anos de
prisão, cumpriram menos de três anos de sentença em regime fechado. Bastou que
delatassem outros envolvidos e devolvessem parte das fortunas amealhadas com a
corrupção para receberem o benefício da progressão de pena. Sabe-se lá em que
termos legais.
No que diz respeito às delações parece que os
critérios são ainda mais oblíquos. Mais que provas prevalece o denuncismo
generalizado. A maioria procedente. Disto ninguém há de duvidar. Outros
encontram na espetacularização midiática terreno fértil ainda que eivados de
contradições.
Na última leva de delações dos corruptores da
Odebrecht, pomposamente chamados pela grande mídia de ex-executivos, quase todo
o alfabeto político do país foi mencionado. Entre estes o governador Flávio
Dino. Reparem bem. O governador não é investigado. Mas, a simples citação foi
suficiente para os chacais da mídia espetacularizarem o fato. Ainda que este
seja carregado de contradições. O delator José de Carvalho Filho aponta suposta
doação de caixa 2 para campanha em troca da aprovação de uma lei. Esta nunca
foi votada. Muito menos recebeu qualquer parecer favorável de Flávio Dino, que
ao contrário pediu arquivamento do projeto.
A primeira das incoerências diz respeito ao valor
eventualmente repassado. No começo, R$ 400 mil, que depois o delator disse ter
sido R$ 200 mil. Contudo, não apontou onde, quando, como, quem recebeu e qual
era uma tal senha, que daria direito ao recebimento do recurso. Ora o depoente
diz ter sido fruto de caixa 2 ora, doação legal. A contradição e conseqüente
falsidade da acusação é corroborada pelo diretor do departamento de propinas da
Odebrecht, Hilberto Mascarenhas, que jamais mencionou Flávio Dino em depoimento.
Chega mesmo a desdenhar do PCdoB, partido do governador, por este pouco
acrescentar aos interesses escusos dos corruptores.
O contraditório Carvalho diz que, no governo do
Maranhão, Flávio Dino contrariou interesses da Odebrecht. A atuação rigorosa do
Procon-MA em defesa dos direitos dos consumidores no abastecimento de água nos
municípios de São José de Ribamar e Paço do Lumiar é prova concreta disto.
Num país aturdido por todo tipo de denúncia e
injustiça foi muito bom ver o presidente Michel Temer num lampejo de
honestidade afirmar que a presidente Dilma Rousseff foi cassada por não aceitar
chantagens do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.
É necessário separar
o joio do trigo. Há políticos com desvios éticos e déficit de honestidade, mas
empresários estão longe de ser anjos de candura, indefesos, nas mãos de
servidores públicos malvados. É hora de acabar com a corrupção sim, mas também
com os privilégios e as injustiças.
Radialista, jornalista. Secretário adjunto de Comunicação Social e
diretor-geral da Rádio Timbira AM.
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