quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Polícia é polícia, político é político: Sarney abala a imagem da Polícia Federal, a instituição mais confiável do Brasil

JM Cunha Santos


Polícia é polícia, político é político. Nada a ver com a célebre frase de Lúcio Flávio, o passageiro da agonia. Longe de mim querer avaliar toda a classe política por Michel Temer, Romero Jucá, José Sarney e Renan Calheiros. Mas se é fato que toda a população brasileira, inclusive a imprensa, faz repousar uma aura de heróis sobre os policiais federais neste país, fato é também que essa imagem escorreita, de dignidade, probidade, ética intocável foi abalada nos últimos dias desde que Sarney, sempre à guarda de propósitos políticos inconfessáveis, se meteu a indicar o diretor da Polícia Federal, Fernando Segóvia.
E eles são heróis sim, enfrentando o crime organizado, provando que figuras intocáveis da sociedade não passavam de bandidos de gravatas, conduzindo para a prisão executivos poderosos de grandes empresas, invadindo apartamentos entupidos de dinheiro público, abrindo as malas de corrupção que guardam a infelicidade da saúde pública, da insegurança incontrolável, da fome, da miséria e do desemprego do povo deste país.
Algumas pesquisas mostram como cresceu o grau de confiança da população brasileira na Policia Federal. Em 2013, conforme o IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, 72,6 % da população da região Centro-Oeste concordavam ou concordavam muito que o trabalho da Polícia Federal é rápido e eficiente; na região Nordeste 62,1 %;  67,9 % na região Norte e 70,1 % na região Sul.
Outra pesquisa, encomendada pela Associação dos Magistrados Brasileiros à Opinião Consultoria, mostra que apenas 11 % da população confia nos políticos e somente 16 % confia nos partidos políticos. Nessa mesma avaliação, a Polícia Federal aparece com 75 % da confiança da população e as Forças Armadas com 74,7 %. É a distância de um abismo.
São os mesmos brasileiros entre os quais 85 % creem que a corrupção pode ser combatida e 94,3 % acham que um político processado não deveria poder concorrer a eleição. Ou seja, ninguém da família Sarney poderia se candidatar a nada.
Nessa pesquisa surge que 41,8 % confiam no Poder Judiciário como um todo, 45 % confiam nos juízes e 52,7 % confiam no Supremo Tribunal Federal.
Um caso raro, a Polícia Federal tem também, por tudo o que se tem lido, ouvido e assistido nos últimos anos, um grande respeito e confiança da desconfiada imprensa brasileira. Mas Sarney meteu o dedo lá e tudo desandou. O que temos lido na imprensa nacional abala sensivelmente a imagem da instituição. O diretor Fernando Segóvia já foi citado como “pau mandado de Sarney” e suas declarações com relação à mala de dinheiro de Temer denigrem essa imagem ainda mais.
Isso, essa indicação, não podia ter acontecido. Instituições policiais precisam ser autônomas e livres de influências, pois cabe a elas combater o crime e os criminosos e proteger de todo mal a sociedade. A presença de Sarney, por todo o seu histórico político, mancha a imagem de qualquer coisa séria. E está abalando a imagem da instituição mais confiável do Brasil, a Polícia Federal.
Que, acreditamos, apesar de Sarney, merece todo o respeito e confiança do povo vilmente assaltado pela corrupção neste país.

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